segunda-feira, 2 de março de 2015

Alfa

No ônibus, vi os dois bancos. Foram dois olhos, duas fechaduras, dois passos e portões. Vida dupla na mulher apaixonada à direita. Dois braços no trabalhador à esquerda.

Passei dois quilômetros, faixa dupla, dois sinais.

Reparei num amontoado de folhas, na trilha de duas fileiras das formigas, nos movimentos de meus dois pulmões, no fato de um olho só enxergar com menor eficiência, nos meus pés que se movem um com o apoio do outro.

Próxima parada. Me vi comigo mesma na impressão do oco

Era muito cedo, eu tinha esquecido que meu coração é único, um só. E ainda assim está à frente, vitorioso.

Me levantei. Ensinei pro dicionário que estar sozinho não é estar desprotegido, desamparado. Auto-conhecer é alto conhecer.

Desci. Culpa dessa mania de solidão.

Enfim, querido, estou onde queria estar. É que tudo neste mundo se completa.

Ou não.

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